31/07/2011

pensamentos


é domingo. está sol. sinto os meus passos mas, não me sinto a mim, é estranho, eu sei. tudo em mim é estranho. vejo famílias a brincarem. amigas a conversarem. amigos a jogarem. namorados de mão dada. vejo sorrisos. vejo a cidade a ser olhada por todas estas pessoas. sinto a cidade a ser usada por todas estas pessoas. só me apetece fugir. apetece-me uma aldeia. apetece-me verde. apetece-me pessoas diferentes. pessoas que olham para outras com um olhar cuidado e verdadeiro. pessoas que ouvem o grito de silêncio que há nos outros. apetece-me estar com pessoas que não julguem. apetece-me ser diferente. mas não sei. ou então não luto por isso. vejo todas estas pessoas e sei que têm sempre para onde ir e para quem ir. eu não tenho para onde ir e, muito menos, para quem ir.
e foi sempre isso que me faltou. nunca fui a casa de alguém nem tão pouco o ombro e abraço de ninguém.
na verdade nunca fui nada para ninguém, nem para mim mesma sou alguém. sou assim, um ser estranho, que não se sabe relacionar.
estou numa fase de aprendizagem, mas não sei por onde começar. não há manuais que ajudem a encontrar-me. a encontrar o caminho. a encontrar a coragem e enterrar o medo, bem fundo para que não volte. é difícil começar sem uma mão. sem uma voz. sem certeza.
quero ser diferente de tudo o que sou. só não sei por onde começar.
neste domingo cheio de sol, continuo perdida, neste jardim, a olhar para estas pessoas.

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