23/01/2008

sentença de vida

É a primeira vez que escrevo num blog, algumas pessoas amigas já me tinham convidado mas tinha recusado, mas agora deu-me a súbita vontade de escrever. Quem me conhece sabe que não sou apaixonada por por tv, também não sou radical ao ponto de me recusar a ligar o aparelho mas sou, digamos muito selectiva no que vejo, gosto essencialmente de programas de informação que envolvam debates sobre variados temas, acho sinceramente que nos enriquecemos a nível de cultura geral e aprendemos a desmistificar sentimentos e emoções. É precisamente sobre uma reportagem que foi transmitida pela sic no dia 17/1/2008, precedida por um debate que dei por mim a ficar "colada" ao ecrã. A reportagem intitulava-se "sentença de vida", e tratava da história de uma menina de seu nome Matilde que conta nesta data com 11 anos. Até aqui tudo normal exceptuando o facto de esta menina ter tido uma vida normal até ao dia 23/11/2005 quando sofreu um AVC, ficando num estado vegetativo persistente, A sua mãe Alexandra sofre com as ambivalências dos seus sentimentos, por um lado não consegue viver sem a Matilde, por outro tem muita vontade de dizer à equipa médica da Matilde que não a reanimem se a menina tiver outra crise, ora como todos bem sabemos os médicos têm que respeitar a ética e a deontologia das suas profissões e exercem as suas profissões para salvar vidas, mas vidas que viverão em que condições? Com que dignidade? E reparem que não vos falo de todo de eutanásia, porque como muito bem diz a mãe da Matilde uma coisa é dizer não reanimem e outra é dizer acabem. Alexandra é acusada por pessoas ignorantes de não querer ter trabalho com a filha e só por isso ter este tipo de sentimento, mas será que ninguém percebe que se a Matilde fosse uma criança normal, esta senhora teria muito mais trabalho! Alexandra diz também que a vítima é sem dúvida a Matilde, porque foi esta criança que perdeu tudo, esta criança não fala, não vê , não sente, não cheira, não ouve, não brinca , não chora, não tem crises de amuo como qualquer outra criança, não ri, a Matilde não vive, a matilde sobrevive. Quem terá o poder de julgar esta mãe? Quem terá o poder de decisão de vidas que não são vidas? Este não é um assunto fácil, é complexo, contranatura até, mas se por algum momento a Matilde pudesse decidir, que pensam vocês que ela decidiria?

Até breve

1 comentário:

Gaspar Matos disse...

Os meus parabéns, Fonseca!
Vais ver como um blog pode ser uma excelente panaceia!
Um abraço e boas postagens!

Gaspar Matos
http://adrianepandora.blogspot.com