03/09/2010

manos

sempre que recordo o meu passado vocês estão lá. sempre que falo da minha infância vocês estão lá. sempre que penso em coisas engraçadas vocês estão lá. sempre que penso em coisas menos boas vocês também estão lá. não será isto uma família? talvez. mas nós somos uns irmãos diferentes. pensando bem e friamente, até porque a distância assim o permite, creio nunca termos sido uns irmãos amigos. simplesmente fomos e somos irmãos. porque temos o mesmo sangue a correr nas veias. partilhámos muitas coisas, porque vivíamos juntos, mas somos muito diferentes. todos lidámos com a brutalidade de uma abandono de forma diferente. todos lidámos de forma diferente com a vida. todos lidámos de forma diferente com uma perda, que a mim, ainda hoje faz muita falta. sei que a vossa opinião é que sou uma menina e a mais nova, por isso a mais frágil. no fundo, com os valores que nos foram passados, todos nós os interpretámos e aplicámos de maneira diferente. com os anos a passar vamos crescendo e vivendo a vida que escolhemos. aceitámos viver longe. aceitámos demasiado cedo o abandono como parte integrante na nossa vida e parece que só lidamos bem com ele às turras e mantendo esta distância, que só se encurta quando é mesmo necessário, mesmo que seja contra a nossa vontade. às vezes penso que seria bom recomeçar. aprendermos a ser verdadeiramente irmãos. provavelmente penso assim, não só pela idade que tenho agora mas, também, porque esta fase da minha vida me faz repensar acções e atitudes e, porque me apetecia muito ter o vosso colo. porque queria acreditar que seríamos capazes de sermos mesmo irmãos. na verdade tenho saudades nossas. secalhar tenho até saudades do que nunca fomos ou vivemos. só quero que saibam, que apesar e acima de tudo, principalmente das mágoas, eu gosto mesmo muito de vocês.

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