19/01/2009

BASTA!

" Há momentos em que a nossa consciência nos impede, perante acontecimentos trágicos, de ficarmos silenciosos porque ao reagirmos estamos a ser cúmplices dos mesmos por concordância, omissão ou cobardia.
O que está a acontecer entre Gaza e Israel é um desses momentos. É intolerável, é inaceitável e é execrável a chacina que o governo de Israel e as suas poderosíssimas forças armadas estão a executar em Gaza a pretexto do lançamento de roquetes por parte dos resistentes ( " terroristas")
do movimento Hamas.
Importa neste preciso momento refrescar algumas mentes ignorantes ou, muito pior, cínicas e destorcidas:
  • Os jovens palestinianos, que são semitas ao mesmo título que os judeus esfaraditas ( e não os askenazes que descendem dos kazares, povo do Cáucaso), que desesperados e humilhados actuam e reagem hoje em Gaza são os netos daqueles que fugiram espavoridos, do que é hoje Israel, quando o então movimento " terrorista" Irgaun, liderado pelo seu chefe Menahem Beguin, futuro primeiro-ministro e prémio Nobel da Paz, chacinou à arma branca durante uma noite inteira todos os habitantes da aldeia palestiniana de Deir Hiassin: cerca de trezentas pessoas. Esse acto de verdadeiro terror, praticado fria e conscientemente, não pode ser apagado dos Arquivos Históricos da Humanidade ( da mesma maneira que não podem ser apagados dos mesmos Arquivos os actos genocidários perpetrados pelos nazis no Gueto de Varsóvia e nos campos de extermínio), horrorizou o próprio Ben Guarin mas foi o acto hediondo que provocou a fuga em massa de dezenas e dezenas de milhares de palestinianos para Gaza e a Cisjordânia possibilitando, entre outros factores, a constituição do Estado de Israel.
  • Alguns, ou muitos, desses massacrados de hoje descendem de judeus e cristãos que se islamisaram há séculos durante a ocupação milenar islâmica da Palestina. Não foram eles os responsáveis pelos massacres históricos e repetitivos dos judeus na Europa, que conheceram o seu apogeu com os nazis: fomos nós os europeus que o fizemos ou permitimos, por concordância, omissão ou cobardia! Mas saõ eles que há 60 anos pagam os nossos erros e nós, a concordante, omissa e cobarde Europa e os seus fracos dirigentes assobiam para o ar e fingem que não têm nada a ver com essa tragédia, desenvolvendo até à náusea os mesmos discursos de sempre, de culpabilização exclusiva dos palestinianos e do Hamas " terrorista" que foi eleito democraticamente mas de imediato ostracizado por essa Europa sem princípios e anacéfala, porque sem memória, que tinha exigido as eleições democráticas para depois as rejeitar por os resultados não lhe convirem. Mas que democracia é essa, defendida e apregoada por nós europeus?
  • Foi o governo de Israel que, ao mergulhar no desespero e no ódio milhões de palestinianos ( privados de água, luz, alimentos, trabalho, segurança, dignidade e esperança), os pôs do lado do Hamas, movimento que ele incentivou, para não dizer criou, com o intuito de enfraquecer na altura o movimento FATAH de Yasser Arafat. Como inúmeras vezes na História, o feitiço virou-se contra o feiticeiro, como também aconteceu recentemente no Afeganistão.
  • Estamos a assistir a um combate de David ( os palestinianos com os seus roquetes, armas ligeiras e fundas com pedras...) contra Golias ( os israelitas com os seus mísseis teleguiados, aviões, tanques e se necessário... a arma atómica!)
  • Estranha guerra esta em que o "agressor", os palestinianos, têm cem vezes mais baixas em mortos e feridos do que os "agredidos". Nunca antes visto nos anais militares!
  • Hoje Gaza, com metade a um terço da superfície do Algarve e um milhão e meio de habitantes, é uma enorme prisão. Honra seja feita aos "heróis" que bombardeiam com meios ultra-sofisticados uma prisão praticamente desarmada ( onde estão os aviões e tanques palestinianos?) e sem fuga possível, à semelhança, do que faziam os nazis com os judeus fechados no Gueto de Varsóvia!
  • Como pode um povo que tanto sofreu, o judeu do qual temos todos pelo menos uma gota de sangue ( eu tenho um antepassado Jeremias!), estar a fazer o mesmo a um outro povo semita seu irmão? O governo israelita, por conveniências políticas diversas ( eleições em breve...), é hoje de facto o governo mais anti-semita à superfície da terra!
  • Onde andam o Sr. Blair, o fantasma do Quarteto Mudo, o Comissário das Nações Unidas para o diálogo Inter-religioso e os Prémio Nobel da Paz, nomeadamente Elie Wiesel e Shimon Perez? Gostaria de os ouvir! Ergam as vozes por favor! Porque é agora ou nunca!
  • Honra aos milhares de israelitas que se manisfetam na rua em Israel para que se ponha um fim ao massacre. Não estão só a dignificar o seu povo, mas estão a permitir que se mantenha uma janela aberta para o diálogo, imprescindível de retomar como único caminho capaz de construir o entendimento e levar à Paz!
  • Honra aos milhares de jovens israelitas que preferem ir para as prisões do que servir um exército de ocupação e opressão. São eles, como os referidos no ponto anterior, que notabilizam a sabedoria e o humanismo do povo judeu e demonstram mais uma vez a coragem dos judeus zelotas de Massada a os resistentes judeus do Gueto de Varsóvia!


Vergonha para todos aqueles que, entre nós, se calam por cobardia ou por omissão. Acuso-os de não assistência a um povo em perigo!
Não tenham medo: os espíritos livres são eternos!

É chegado o tempo dos Seres Humanos de Boa Vontade de Israel e da Palestina fazerem calar os seus falcões, se sentarem à mesa e, com equidade, encontrarem uma solução. Ela existe! Mais tarde ou mais cedo terá que ser implementada ou vamos todos direito ao Caos: já estivemos bem mais longe do período das Trevas e do Apocalipse.
É chegado o tempo de dizer BASTA! Este é o meu grito por Gaza e Israel ( conheço ambos) : quero, exijo vê-los viver como irmãos que são."

Tomei a liberdade de tirar este texto daqui : http://fernandonobre.blogs.sapo.pt

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