há momentos na nossa vida que são demasiado sós. mesmo que estejamos com as pessoas que mais gostamos.
uma doença acaba por ser um processo muito solitário. por mais bem informados e acompanhados que estejamos. dizem que o amor cura. quero acreditar que sim.
há momentos que nenhuma palavra consegue atenuar o medo. há momentos que só as palavras o conseguem. passamos por sentimentos e vontades ambivalentes. tornamo-nos mais carentes. sensíveis. inseguros. e até mais estúpidos em determinadas situações.
depois há o outro lado. aquele que não demonstramos como uma descoberta se transforma num sufoco. deixamos transparecer que somos demasiado corajosos. capazes. nada nos abalará. e no fundo por dentro gritamos de pânico. não queremos alarmar ninguém. mas a dúvida, a certeza, o diagnóstico transformam-nos. nem nós nos conhecemos. surpreendemo-nos com as nossas próprias atitudes. umas boas. outras péssimas. e o pior é que quem mais amamos e está por perto, acaba por sofrer em vários sentidos.
depois há aqueles momentos que não queremos estar sós. só queremos aquela pessoa ao nosso lado. mas não está. e tudo se torna ainda mais difícil.
o amor cura? há momentos que acredito que sim e outros que não.
Hoje é um dia importante e não estás lá. de nenhuma maneira. nem em pensamento.
e no meio de toda a solidão, essa é a que dói mais...