29/12/2011

o teu nome



" esta manhã encontrei o teu nome nos meus sonhos e o teu perfume a transpirar na minha pele. e o corpo doeu-me onde antes os teus dedos foram aves de verão e a tua boca deixou um rasto de canções. no abrigo da noite, soubeste ser o vento na minha camisola; e eu despi-a para ti, a dar-te um coração que era o resto da vida - como um peixe respira na rede mais exausta. nem mesmo à despedida foram os gestos contundentes: tudo o que vem de ti é um poema. contudo, ao acordar, a solidão sulcara um vale nos cobertores e o meu corpo era de novo um trilho abandonado na paisagem, sentei-me na cama e repeti devagar o teu nome, o nome dos meus sonhos, mas as sílabas caíam no fim das palavras, a dor esgota as forças, são frios os batentes nas portas da manhã."
Maria do Rosário Pedreira

Sem comentários: